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Cervejas artesanais e cervejas especiais: qual é a diferença?

Uma dúvida frequente entre pessoas que estão descobrindo o universo das cervejas não-tradicionais é: “Cervejas especiais e artesanais são a mesma coisa? E, se não são, qual é a diferença entre elas?”.


Essas perguntas são, antes de mais nada, bastante pertinentes. Muitos amantes da cerveja, mesmo com conhecimento intermediário no assunto, não sabem ao certo a diferença entre esses dois termos. E, em boa parte, isto se deve ao fato de que é preciso entender um pouco da história recente da cerveja – o que está longe de ser óbvio. E aí , vamos entender melhor esses termos?



A maneira mais fácil de se entender o que é uma cerveja especial é entender, primeiro, o que é uma cerveja não-especial. O mundo das cervejas até o início do século passado era dominado por diversos estilos, bastante regionalizados, das principais escolas europeias – alemã, belga e inglesa. Fora da Europa, a cerveja era produzida em muito menos quantidade e variedade, principalmente para atender uma parcela limitada da população de imigrantes europeus, especialmente nas Américas.


Especificamente na América do Norte, os cervejeiros locais incorporaram o milho, ingrediente utilizado em bebidas nativas muito antes de os colonizadores chegarem por lá. O milho deixava a cerveja mais leve e fácil de beber, ao gosto dos imigrantes alemães da época.


Com o final da Segunda Guerra Mundial, contudo, o mundo da cerveja mudou radicalmente. A indústria europeia estava bastante abalada, enquanto os Estados Unidos começavam o seu período de dominação cultural e econômica de boa parte do mundo ocidental. Não por acaso, inúmeros produtos americanos, incluindo até o american way of life, foram exportados para muitos países a partir dos anos 40 e 50.


E nessa leva de produtos americanos estava presente justamente a cerveja americana típica, chamada até hoje de American Lager nos guias de estilo. Dourada, leve, pouco alcoólica, com pouquíssimo lúpulo (ou seja, com amargor baixo) e muitas vezes produzida com grandes quantidade de milho. Isso te lembra alguma coisa?

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Se você disse Pilsen, acertou em cheio.


No Brasil, este foi o nome que se deu – erradamente – ao popular estilo americano, inspirado em um estilo tcheco de cervejas leves e douradas (mas que são bem diferentes das pilsens brasileiras, acredite!). E, a partir da metade do século passado, este foi o estilo que dominou o Brasil (e boa parte do mundo, por influência direta americana).


Quase a totalidade da cerveja comercializada por aqui até os anos 90 era somente deste único estilo, o que fez com que culturalmente nós aprendêssemos a associar “cerveja” a apenas ele. É o mesmo que acontece com algumas marcas de produto, como a lâmina de barbear (que chamamos de gilete) e o amido de milho (maizena).


Assim, quando a revolução cervejeira chegou ao Brasil, nos anos 90 e 2000, e trouxe com ela a redescoberta de dezenas de estilos tradicionais, surgiu a necessidade de um termo para nos referirmos às cervejas que não eram “Pilsen” (no sentido brazuca do estilo): as cervejas especiais.


Trocando em miúdos: uma cerveja especial é geralmente associada a qualquer cerveja que não seja das cinco ou seis marcas brasileiras mais populares – ou as correspondentes norte-americanas. É claro que isso, por si só, não garante qualidade – e nem ao menos que ela será melhor que uma cerveja comercial. Mas, em geral, indica que a cerveja foi feita com ingredientes melhores e com um cuidado geralmente não dispensado a cervejas que se quer vender em quantidade – o que justifica o preço mais caro.


Para finalizar, chegamos à questão da escala. Ser especial não significa, necessariamente, que a cerveja é produzida por uma pequena cervejaria. Cervejas como a Guinness (Irlanda) e a Paulaner (Alemanha) são extremamente populares no mundo inteiro, produzindo e exportando em enorme quantidade.


E é aí que entra o conceito de cerveja artesanal – aquela cerveja feita em pequena escala, geralmente sem maquinário industrial sofisticado, ao sabor e humor do mestre cervejeiro. A legislação brasileira diz que as microcervejarias são aquelas que produzem até um milhão de litros de cerveja por ano, mas nós sabemos que a maioria das cervejas artesanais não chegam nem perto deste número, sendo feitas quase sempre por cervejeiros que iniciaram sua produção em panelas caseiras.


Vamos recapitular?


Cerveja especial: qualquer cerveja que não seja uma “Pilsen” (American Lager!) de massa. Cerveja artesanal: cerveja produzida em escala caseira, em pequenas quantidades e com maquinário limitado. Ou seja, uma cerveja artesanal sempre será uma cerveja especial, mas nem toda cerveja especial é artesanal.


E aí, ficou mais claro agora? Então bora tomar uma, que toda essa conversa já deu até sede!

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